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Entre uno de los auges que caracterizaron al primer año pandémico, encontramos el aumento de referencias -alusiones- a lo que se ha dado en llamar “cultura de la cancelación”. En el presente artículo me propongo abordar analíticamente a la cancelación como un nuevo dispositivo del poder, desde el espectro teórico postdisciplinario (Prueger, 2020a) y en clave descolonial. Si se trata de superar las limitaciones epistémicas de la modernidad occidental, Simondon (2009) -aunque francés- constituye un autor que tiene muchísimo para aportar. Al interior del espectro postdisciplinario, los registros simondonianos del poder dan cuenta de la cristalización digital de un nuevo marco epistémico; las dinámicas del psicopoder exigen ser analizadas a la luz de una nueva episteme en tiempos de gubernamentalidad algorítmica (Rouvroy y Burns, 2016). En los trasfondos de los dispositivos de cancelación (propuesta teórico-analítica que pretendo describir en el presente artículo) y de la gubernamentalidad algorítmica encontramos el mismo principio ordenador (el mismo horizonte en común): la eliminación del principio de alteridad. Luego será precisar: elementos en torno al modo de operar de los dispositivos de cancelación -particularmente lo que respecta a la catalización catártica-; tendencias predominantes en lo que hace al registro ideológico-cultural; por último, algunas reflexiones en torno a este fenómeno en el marco de la actual crisis sistémica y encrucijada civilizatoria que atraviesa la humanidad.
En inglésAmong one of the booms that characterized the first pandemic year, we find the increase in references - allusions - to what has been called the “culture of cancellation”. In this article, I intend to analytically approach cancellation as a new device of power, from the postdisciplinary theoretical spectrum (Prueger, 2020a) and in a decolonial key. When it comes to overcoming the epistemic limitations of Western modernity, Simondon (2009) -although French- is an author who has a lot to contribute. Within the postdisciplinary spectrum, Simondonian registers of power account for the digital crystallization of the new epistemic framework; the dynamics of psychopower demand to be analyzed in the light of a new episteme in times of algorithmic governmentality (Rouvroy and Burns, 2016). In the background of cancellation devices (analytical proposal that I intend to describe in this article) and algorithmic governmentality, we find the same ordering principle (the same common horizon): the elimination of the principle of otherness. Then I will specify: elements around the mode of operation of cancellation devices -particularly with regard to cathartic catalysis-; predominant tendencies regarding the ideological-cultural register; finally, some reflections on this phenomenon in the context of the current systemic crisis and civilizational crossroads that humanity is going through.
En portuguésEntre um dos booms que caracterizaram o primeiro ano de pandemia, encontramos o aumento das referências - alusões - ao que se convencionou chamar de “cultura do cancelamento”. Neste artigo, pretendo abordar analiticamente o cancelamento como um novo dispositivo de poder, a partir do espectro teórico pós-disciplinar (Prueger, 2020a) e em uma chave descolonial. No que diz respeito à superação das limitações epistêmicas da modernidade ocidental, Simondon (2009) -embora francês- é um autor que tem muito a contribuir. No espectro pós-disciplinar, os registros de poder Simondonianos respondem pela cristalização digital da nova estrutura epistêmica; a dinâmica do psicopoder exige ser analisada à luz de uma nova episteme em tempos de governamentalidade algorítmica (Rouvroy e Burns, 2016). No pano de fundo dos dispositivos de cancelamento (proposta analítica que pretendo descrever neste artigo) e da governamentalidade algorítmica, encontramos o mesmo princípio ordenador (o mesmo horizonte comum): a eliminação do princípio da alteridade. Em seguida, especificarei: elementos em torno do modo de operação dos dispositivos de cancelamento -particularmente no que diz respeito à catálise catártica-; tendências predominantes quanto ao registro ideológico-cultural; por fim, algumas reflexões sobre este fenômeno no contexto da atual crise sistêmica e encruzilhada civilizacional pela qual a humanidade está passando.