El elusivo registro zooarqueológico de Somuncurá: un análisis de su distribución y variabilidad

Abstract

Al comenzar los estudios en la meseta de Somuncurá nuestras expectativas de encontrar abundante material zooarqueológico eran grandes, debido a que trabajaríamos en los campos de cacerías colectivas que relataban los cronistas del siglo XIX. Sin embargo, y aunque obtuvimos numerosos resultados arqueológicos, el registro arqueofaunístico es escaso en comparación con la abundancia de materiales líticos, arte o estructuras de piedra. Por lo tanto, el objetivo de este trabajo es evaluar la situación actual del conocimiento que esta línea de evidencia está aportando al estudio de las sociedades cazadoras-recolectoras mesetarias. Para ello consideramos la distribución espacial de estos ítems, sus contextos arqueológicos, la estructura faunística de cada conjunto y la presencia de modificaciones de las superficies óseas a fin de evaluar el rol jugado por los diferentes agentes (naturales y culturales) en la formación de los conjuntos, su importancia en la preservación de este registro tan esquivo en Somuncurá y, finalmente, aproximar algunas tendencias que permitan discutir el aprovechamiento de los recursos y si el mismo presenta diferencias entre los dos sectores de la meseta. Los resultados tafonómicos a escala de sitio no evidencian problemas de integridad que permitan explicar la baja frecuencia de este registro y plantean la necesidad de explorar este problema a escalas espaciales mayores. Las tendencias zooarqueológicas sugieren que durante el Holoceno tardío los guanacos habrían sido la principal especie utilizada por las sociedades que habitaron Somuncurá y que a mediados de siglo XIX, además de fauna autóctona se comienza a utilizar complementariamente la fauna europea.

When we began studies on the Somuncurá plateau our expectations of finding abundant zooarchaeological material were great, because we would be working in the collective hunting fields reported by 19th century chroniclers. However, and although we obtained numerous archaeological results, the archaeofaunal record is scarce compared to the abundance of lithic materials, art or stone structures. Thus, the goal of this work is to evaluate the current state of knowledge contributed by this line of evidence to the study of plateau huntergatherer societies. For this, we considered the spatial distribution of these items, their archaeological contexts, the faunal structure of each assemblage and the presence of modifications of the bone surfaces in order to evaluate the role played by the different agents (natural and cultural) in the formation of assemblages, their importance for the preservation of this very elusive record in Somuncurá, and, finally, to contribute some trends that allow discussing the use of resources and whether the two sectors of the plateau exhibit differences. The taphonomic results at site scale do not indicate integrity problems that would explain the low frequency of this type of records, and raise the need to explore this problem at larger spatial scales. The zooarchaeological trends suggest that during the late Holocene, guanacos would have been the main species used by the societies that inhabited Somuncurá and that by the mid-19th century, these societies began to use fauna of European origin as a complement, in addition to native fauna.

Quando iniciamos nossos estudos na meseta de Somuncurá, nossas expectativas de encontrar material zooarqueológico abundante eram grandes, pois trabalharíamos nos campos de caça coletiva relatados por cronistas do século XIX. No entanto, e embora tenhamos obtido numerosos resultados arqueológicos, o registo arqueofaunístico é escasso quando comparado com a abundância de materiais líticos, arte ou estruturas de pedra. Portanto, o objetivo deste trabalho é avaliar o estado atual do conhecimento que esta linha de evidência está aportando para o estudo das sociedades caçadoras-coletoras da meseta. Para isso, consideramos a distribuição espacial desses itens, seus contextos arqueológicos, a estrutura faunística de cada conjunto e a presença de modificações nas superfícies ósseas, a fim de avaliar o papel desempenhado pelos diferentes agentes (naturais e culturais) na formação dos conjuntos, sua importância na preservação desse registro tão elusivo em Somuncurá e, por fim, relacionar algumas tendências que permitem discutir o uso dos recursos e se ele apresenta diferenças entre os dois setores da meseta. Os resultados tafonômicos à escala do sítio não apresentam problemas de integridade que expliquem a baixa frequência deste registo e levantam a necessidade de explorar este problema em escalas espaciais maiores. As tendências zooarqueológicas sugerem que durante o Holoceno tardio os guanacos teriam sido a principal espécie utilizadas pelas sociedades que habitaram Somuncurá e que em meados do século XIX, além da fauna autóctone, a fauna europeia passou a ser utilizada de forma complementar.